Autora de uma denúncia macabra envolvendo ossadas humanas que foram retirados das gavetas mortuárias e acondicionadas em tonéis plásticos no meio de um cemitério, Mãe Michelly da Cigana, como é conhecida, protocolou uma representação criminal junto ao Ministério Público, solicitando que o órgão avalie a conduta de agentes vinculados à prefeitura municipal de Alvorada, em Porto Alegre (RS). A mãe de santo revelou, em uma série de vídeos, que os restos mortais de dezenas de pessoas, , até então enterradas no cemitério municipal da cidade, haviam sido exumados por falta de pagamento das famílias.
Na ação, a religiosa pede que as medidas judiciais cabíveis sejam adotadas. Em sua representação, Michelly apontou condutas previstas no código penal e o descumprimento de normativas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É preciso ressaltar a o desrespeito aos familiares das vítimas, pois os restos mortais foram tratados como simples lixo, sem qualquer cuidado ou respeito, ferindo a memória e a dignidade dos falecidos”, disse.
A religiosa registrou as imagens em 20 de fevereiro, e flagrou cerca de 20 barris colocados em um gramado próximo a um canteiro de obras. “Será se as pessoas que moram na cidade sabem que seus entes queridos estão aqui, dentro de tonéis expostos sem qualquer respeito?”, questionou. O advogado da mãe de santo, Jader Marques, destacou os crimes supostamente praticados pela prefeitura. “Além do tratamento dado aos cadáveres, observa-se também que o descarte, da forma como feito, pode configurar crime ambiental, uma vez que a exposição de restos humanos a céu aberto pode gerar risco sanitário e poluição ambiental”, disse.
Mãe Michelly da Cigana denuncia exumação ilegal de ossadas humanas em cemitério municipal:
Crânio e coluna
No dia da filmagem, Mãe Michelly comentou sobre o perigo de os restos mortais estarem ao alcance de qualquer pessoa que circula pelo cemitério. “Existe até o risco dessas ossadas serem furtadas e levadas para serem usadas em rituais de ‘magia negra’ ou algo parecido. A informação é que todas as famílias que deixaram de pagar mensalidades à administração do cemitério tiveram seus parentes exumados e colocados dentro desses tonéis”, afirmou.
A religiosa chegou a abrir um dos barris e mostrar os restos mortais de uma das pessoas exumadas pela administração do cemitério. “Olha, o crânio da pessoa, a cabeça, os dentes. Será se é justo as pessoas que não conseguem mais pagar passarem por uma situação vexatória e de tanto desrespeito? Esses restos mortais podem ser revirados e furtados”, desabafou.
A coluna entrou em contato com o cemitério municipal para falar sobre a exumação dos corpos que estavam nas gavetas mortuárias. No entanto, até a publicação desta reportagem, ninguém havia respondido às ligações. O espaço permanece aberto para possíveis manifestações.