Deep tech sobre inteligência artificial (IA), robôs-humanoides, psicodelia, biotecnologia e computação quântica. Em primeiro momento, uma série de buzzwords e palavrões, mas que conversam com o que gosto de acreditar que seja um momento em que estamos vivendo.
Gosto muito de dizer que neste momento a tecnologia vai impulsionar as capacidades humanas. Estamos explorando, entendendo e expandindo o que significa ser inteligente, seja no nível biológico, artificial ou híbrido.
Essa conexão, que já é uma realidade, com certeza deverá aparecer com força no SXSW 2025, que começa nesta sexta-feira (7). A caminho de Austin, no estado americano do Texas, recebi o convite do Seu Dinheiro para levantar os principais temas e debates em discussão neste, que é positivamente um dos encontros mais importantes de criatividade e tendências do mundo.
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Soluções reais para problemas reais no SXSW 2025
Embora muitos ainda confundam deep tech com “tecnologia futurista”, a verdade é que essas inovações já estão resolvendo problemas profundos e impactando setores como saúde e a crise climática.
No SXSW 2025, vamos ver como essas tecnologias vão além de uma promessa distante e representam soluções reais, fundamentadas em pesquisa científica avançada, que já estão moldando o presente. A grande sacada é separar o que é buzzword do que é tecnologia de base, com pesquisa científica por trás.
Se 2024 já foi um ano de extremos (clima, IA, política, guerras, saúde global), 2025 promete consolidar o deep tech como peça-chave para resolver essas crises. Ou seja, não é mais sobre criar tecnologias incríveis, é sobre resolver problemas existenciais. Inovação com resultado real.
Minhas dicas para quem vai ao evento são: procure keynotes de futurologistas e trend forecasters, pois eles costumam lançar as apostas de inovação do ano. Mas também reserve tempo de qualidade para buscar palestras que você só encontraria por lá. Em 2024, tive a oportunidade de ouvir um PhD da Universidade do Texas falando sobre computação quântica, além de uma cientista incrível discutindo o impacto dos alimentos ultraprocessados no organismo e na tomada de decisões.
O SXSW 2025 estará repleto de palestras inspiradoras e inovadoras com personalidades como Rohit Bhargava, Amy Weeb, Ian Beacraft e Neil Redding. No campo da computação quântica, vale ficar de olho em sessões como “Preparing for a Quantum Leap” e a “Featured Session: Quantum Computing—The What, Why, and When”.
No primeiro, “Preparando-se para um Salto Quântico”, será discutido como a tecnologia quântica, ainda em grande parte em fase experimental, detém um potencial transformador em diversos setores. O foco principal, no entanto, permanece em tornar os sistemas quânticos operacionais e práticos.
Já na “Sessão em Destaque: Computação Quântica — O Quê, Por Que e Quando”, os participantes serão convidados a um bate-papo sobre as questões sobre essa tecnologia frequentemente mal compreendida. Desde como avaliar verdadeiras inovações até aplicações práticas, preocupações com criptografia e até reflexões sobre o multiverso, a sessão promete uma conversa real e envolvente sobre o presente e o futuro da computação quântica.
Outro ponto importante é conectar o seu negócio ao ecossistema e fugir um pouco dos temas tradicionais. A minha aposta é sempre olhar para o que pode agregar ou transformar o negócio em que estou inserido, pensando em escala conjunta e inovações em jornadas.
Aproveite para se conectar com as pessoas. Lá, todos estarão com tempo protegido. Uma agenda que talvez demoraria 3 semanas para ser agendada aqui no Brasil pode acontecer de forma mais leve e muito mais produtiva por lá.
Abaixo listo outros temas três temas que devem movimentar o SXSW 2025:
Conexão humana no centro da inovação
No painel “Harmonious AI: Bridging Human Intuition and AI”, Leonardo Giusti, cofundador e chefe de design da Archetype AI, vai explorar uma das questões que mais me cativam: como a IA pode se integrar de forma natural e relevante ao nosso cotidiano.
Essa sessão promete desafiar o status quo das interações com a inteligência artificial. Em vez de chatbots tradicionais, a proposta é integrar a inteligência artificial aos objetos que usamos no dia a dia para ampliar nossa própria inteligência e tornar a experiência humana o elemento central da tecnologia.
Não se trata apenas de criar ferramentas úteis, mas de redesenhar nossa relação com os recursos disponíveis.
A conexão humana também será o ponto de partida da sessão “Emotive Futures: A Dive Into the UX of Emotional AI”. À medida que a tecnologia avança, as fronteiras entre público, criador e máquina se tornam cada vez mais fluidas.
Este debate abordará como a IA, sistemas de feedback emocional e narrativas generativas transformam experiências interativas, desde assistentes virtuais que amplificam vozes diversas até histórias moldadas por dados emocionais em tempo real. Sairei de lá, espero, com um roteiro prático para criar experiências que ressoam emocionalmente e reforçam a conexão humana.
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Psicodelia e tecnologia vão além do imaginário cultural
Quando penso em psicodelia, não a vejo apenas como um movimento cultural ou um estilo de vida. Para mim, é a neurociência avançada investigando como substâncias alteram a percepção e reconfiguram circuitos cerebrais. É a biotecnologia criando novas moléculas e psicofármacos de última geração, e a conexão direta entre química cerebral e tecnologias de interface cérebro-máquina. A psicodelia não faz parte apenas de deep tech, ela expande os limites do que chamamos de inovação profunda.
No painel “Psychedelics, Design & Innovating for Regenerative Futures”, especialistas discutirão como os psicodélicos podem apoiar o design sustentável e contribuir para futuros regenerativos.
As experiências psicodélicas podem ampliar a criatividade e as habilidades de resolução de problemas. Essa discussão vai além da ciência e do design, ela conecta a pesquisa psicodélica com a inovação de uma forma que pode nos ajudar a enfrentar questões globais urgentes.
Para mim, o potencial transformador dos psicodélicos está no repensar como criamos, como inovamos e como nos relacionamos com o planeta e uns com os outros.
Esse painel promete ser um daqueles momentos que nos fazem questionar e imaginar um futuro onde a tecnologia, a natureza e a experiência humana coexistem de forma mais harmoniosa. E não vejo hora melhor para essa conversa do que agora.
Convergência da deep tech: IA, neurociência e além
Todas as áreas de deep tech lidam com a mesma essência: a mente e a inteligência — seja humana ou artificial. E o futuro é a convergência. IA, neurociência, psicodelia e robótica não são trilhas separadas, elas formam um novo ecossistema de inovação profunda. O SXSW, com sua capacidade de reunir diversas tribos, se destaca por ser o evento ideal para conectar essas diferentes vertentes e explorar as possibilidades que surgem da interseção entre elas.
E é cada vez mais necessário conectar deep tech a outras áreas, como o design. Em Austin, será possível capturar uma infinidade de conteúdos que ilustram como essas áreas se entrelaçam e se complementam.
No painel “Beyond Human-Centered: A New Experience Design Framework”, Malcolm Che discutirá como o Human-Centered Design (HCD) se mostra insuficiente em uma era dominada por IA, realidade estendida (XR) e agentes autônomos.
O design de experiência, tanto no mundo físico (IRL) quanto no digital (URL), é inerentemente participativo, mas hierarquias estabelecidas ainda impõem relações de poder, como no caso de chatbots frequentemente vistos como mais “úteis” do que “humanos medianos”.
A ideia é propor uma abordagem de design mais inclusiva e sustentável. Essa estrutura considera todas as “coisas” — humanas e não humanas — para remodelar o pensamento de design e criar um futuro mais interconectado e equilibrado.
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