O grupo chinês de tecnologia Alibaba anunciou nesta quinta-feira (6/3) o lançamento de seu novo modelo de inteligência artificial (IA), o QwQ-32B, e prometeu superar os rivais DeeepSeek e ChatGPT (da OpenAI).
O que aconteceu
- Após o anúncio, as ações da Alibaba listadas na Bolsa de Valores de Hong Kong tiveram forte alta, encerrando o pregão com ganhos de 8,4%.
- O resultado dos papéis da companhia impulsionou o Índice de Empresas da China do Hang Seng, voltado ao setor de tecnologia, que avançou 5,4% e alcançou o maior nível de fechamento desde 2021.
- O indicador já subiu mais de 30% desde janeiro deste ano.
O que diz a Alibaba
Desde a mínima registrada no primeiro mês do ano, o grupo Alibaba vem trilhando uma trajetória de forte valorização, com aumento de cerca de US$ 153 bilhões em valor de mercado no período.
Por meio de um comunicado, a Alibaba informou que o novo modelo de IA apresentou um “desempenho excepcional, superando quase completamente o OpenAI-o1-mini e rivalizando com o modelo de raciocínio de código aberto mais avançado, o DeepSeek-R1”.
Ainda segundo a Alibaba, o QwQ-32B representa um “salto qualitativo em matemática, codificação e capacidades gerais, com um desempenho geral equivalente ao do DeepSeek R1”.
A empresa diz ainda que o seu novo modelo de IA conta com 32 bilhões de parâmetros, ante 671 bilhões do DeepSeek R1.
A Alibaba, que é dona das plataformas de e-commerce chinesas Taobao, AliExpress e Tmall, já havia lançado, em 2023, um serviço equivalente ao ChatGPT, o Tongyi Qianwen, após o lançamento do chatbot da OpenAI.
Na última semana, a Alibaba anunciou investimentos de cerca de US$ 52 bilhões em infraestrutura de IA e computação em nuvem para os próximos 3 anos.
O fenômeno DeepSeek
No fim de janeiro, a DeepSeek anunciou o lançamento de um assistente gratuito que utiliza chips de baixo custo, que possuem menos dados.
Com isso, a empresa desafia uma lógica até então estabelecida nos mercados, de que a IA fomentaria a demanda por uma grande cadeia de suprimentos, de fabricantes de chips a data centers.
Em linhas gerais, a percepção inicial é a de que a DeepSeek parece capaz de oferecer um desempenho muito próximo das grandes empresas dos EUA no desenvolvimento de IA, mas por um preço muito mais baixo.
Recentemente, os EUA proibiram a exportação de tecnologias avançadas de semicondutores para a China e limitaram vendas de chips de IA da Nvidia como forma de tentar conter o avanço do gigante asiático.
“O fenômeno DeepSeek foi o primeiro grande choque de realidade no mercado de IA desde o lançamento do ChatGPT”, afirmou Isac Costa, professor do Insper e especialista em tecnologia, em entrevista recente ao Metrópoles.
“É difícil cravar que é uma revolução, mas, definitivamente, é o primeiro grande terremoto nesse mercado, para fazer as pessoas começarem a entender, de fato, o que é necessário para que a IA se torne tão presente no nosso dia a dia quanto a eletricidade e a internet.”
Segundo Costa, para além do que pode representar em termos de avanço no desenvolvimento da IA, o DeepSeek tem uma importância estratégica para as principais potências econômicas do planeta, que vêm travando nos últimos anos uma disputa renhida pela supremacia desse mercado.
“Estamos vivendo uma espécie de nova Revolução Industrial”, diz Costa. “Considerando o potencial da inteligência artificial como uma tecnologia de propósito geral, assim como a eletricidade e a internet, sua relevância geopolítica reside no fato de que as maiores economias do mundo precisarão ter uma presença relevante no setor. Com algum exagero, podemos afirmar que é a diferença entre um país se industrializar ou não”, explica.