A julgar pelo seu tamanho continental, a China não tem tantos expoentes globais de soft power como a Coreia do Sul, mas pode se orgulhar do advento do macarrão, da disseminação dos BYDs e do livro best-seller O Problema dos Três Corpos, escrito por Liu Cixin — que recentemente ganhou uma série adaptada na Netflix.
Não vou entrar nos detalhes da história, mas, sob um recorte geopolítico, podemos resumi-la como uma reação construtiva e cooperativa da humanidade, diante de uma ameaça externa que promete atrapalhar a vida de todo mundo.
Nesse sentido, o livro é particularmente instrutivo para o momento, ajudando a compreender um conceito emergente que pode ser bastante útil para navegar os mercados em 2025.
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Se você abre os jornais, encontra manchetes diárias sobre os ataques de Donald Trump contra a China e contra a Europa, seja por meio de tarifas ou de afrontas a acordos prévios de cooperação.
Afinal, por que a Bolsa Chinesa está subindo +18% YTD, acompanhada de perto pelo DAX alemão (+17%) e pelo CAC francês (+12%)?
Parte da explicação surge através do “Trump Paradox”.
Se nas Ciências Sociais também é verdade que toda ação desperta uma reação proporcional, em sentido oposto, começa a tomar corpo uma aposta de que chineses e europeus estão saindo de seu estado estacionário, graças à motivação fisiológica de se contrapor ao presidente americano.
A simples ameaça de abandono dos EUA em relação aos interesses europeus já foi suficiente para que o governo alemão decida em prol do maior pacote fiscal da história do país, desde a reunificação.
E até mesmo o autoritário governo chinês achou por bem ressuscitar seus principais titãs do setor tecnológico, para que eles desenvolvam soluções de ponta à la DeepSeek em tempo recorde.
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Enquanto isso, nos EUA, o frenesi de tarifas de Trump confunde o espírito animal dos empresários locais, derrubando as expectativas econômicas e pavilhando um caminho alternativo — e bem mais doloroso — para a queda de juros.
Do ponto de vista analítico, sempre nos preocupamos em saber levar em conta não só os efeitos de 1ª ordem, mas também as cadeias de efeitos de enésima ordem.
Contudo, seria difícil imaginar este contexto paradoxal em que os efeitos de 2ª ordem podem até mesmo suplantar os de 1ª ordem, em médio e longo prazo.
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