A pesquisa Datafolha que mostrou derretimento inédito da popularidade do presidente Lula fez crescer em alguns setores de mercado a expectativa de um possível rali (quando o Ibovespa dispara) mirando 2026.
Por trás disso, está a ideia de que Lula chegaria mais fraco para a releição, o que poderia favorecer algum governo de centro-direita ou de direita com propostas mais pró-mercado, como privatizações e enxugamento do gasto público.
Mas até que ponto o rali, de fato, ocorrerá e quando ocorrerá? Para responder essa pergunta, três dos maiores gestores do Brasil: André Jakurski, sócio-fundador da JGP, Luís Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset, e Rogério Xavier, sócio-fundador, da SPX Capital.
Juntos, eles administram cerca de R$ 120 bilhões. O trio participou do CEO Conference, promovido pelo BTG Pactual nesta terça-feira (25).
No preâmbulo da pergunta, André Esteves, sócio-sênior do BTG, lembrou que o rali das eleições na Argentina, que sagrou Javier Milei como presidente, começou um ano antes, assim como a de Fernando Henrique Cardoso, em 1994.
O papel das pesquisas
Segundo Jakurski, haverá rali eleitoral, mas ainda é muito cedo para se antecipar. “Teve um início de rali, que durou 24 horas, quando saiu a pesquisa do Datafolha”, diz.
Ele argumenta que as pesquisas oscilam muito. “Nada está escrito. Política, como os políticos dizem, é que nem uma nuvem. Você olha, está de um jeito, olhou de novo, está de outro. Então, eu não tenho certeza quando [o rali] isso vai acontecer”, disse Jakurski.
“Mas eu tenho certeza que vai acontecer, porque existe uma demanda reprimida, principalmente dos estrangeiros, de comprar ativos brasileiros”.
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A visão de Stuhlberger sobre o cenário atual
Stuhlberger também diz que ainda é cedo para um rali de eleição. Ele afirma ainda que tirando a alta dos preços, não há nenhuma explicação para Lula despencar nas pesquisas. Nesta terça, inclusive, mais uma pesquisa mostrou deterioração da popularidade do presidente.
“Se eu olhar o racional dos mercados hoje, se eu olhar a minha percepção pessoal, que tem 70% de chance do Lula não ganhar, é difícil saber quem vai ser o outro candidato, mas se ele só tem 30% de chance de ser eleito, teríamos um governo de melhor qualidade”, afirma.
Por outro lado, recorda que estamos saindo de uma base muito pior, por exemplo, do que o presidente Michel Temer pegou da ex-presidente Dilma Rousseff. “Quer dizer, a dívida PIB era 60%. Vai entregar 80%”.
Outra possibilidade, segundo Stuhlberger, é o mercado viver um rali inverso, ou seja, o governo aumentar gastos, já que os investidores podem apostar que Lula vai perder.
“Eu posso gastar mais, eu posso fazer mais medidas populistas, que o mercado não vai piorar tanto. Nós vamos testar o que o Lula vai querer fazer, qual o limite que ele vai fazer para ganhar popularidade de volta”.
Para ele, por exemplo, um Bolsa Família turbinado seria uma possibilidade real. “Não escaparemos do aumento no Bolsa Família. Então, eu não quero dar ideias ruins. Nós vamos testar o limite, se isso é possível de ser feito ou não”, diz.
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Bolsonaro ainda será importante
Segundo Xavier, Jair Bolsonaro ainda será importante, mesmo que ele esteja inelegível. De acordo com ele, é preciso saber quem vai disputar com Lula.
“Todo mundo acha que é o Tarcísio de Freitas. Primeiro, o que eu saiba, ele nem quer. Aí vai ter aqui com a Faria Lima, com os bastidores dela, dizendo que está tudo fechado, mas eu acho que depende do Bolsonaro. Não é claro que ele vai dar o apoio dele para o Tarcísio“, afirma.
Na visão do gestor, é mais fácil que Bolsonaro apoie um dos filhos ou a esposa.
“Eu acho até que é o filho, mas… Ou a esposa, no limite”.
Mas até lá, argumenta, tem muito jogo. E um paradoxo.
“Se melhorar muito agora, a popularidade do Lula sobe. Porque se o dólar cair, jogar a inflação de alimentos para baixo, a inflação de trade do almoço para baixo, o povo vai dizer, beleza, melhorou”, disse.
“E a popularidade vai subir e todo esse trade vai embora rapidinho. Porque você sabe que é tudo mão fraca. Então, eu acho isso. Acho que está longe”.
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