É difícil combater o estigma de que o Brasil é o país da renda fixa, especialmente após mais um ano de dominância dessa classe de ativos nas carteiras dos investidores e juros tão elevados.
Em 2024, R$ 4,3 milhões dos quase R$ 7,3 milhões investidos pelas pessoas físicas foram alocados em renda fixa, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
No ano passado, R$ 6 de cada R$ 10 investidos pelos brasileiros foram aplicados em CDBs, títulos isentos, fundos de renda fixa e de previdência.
A explicação para esses dados está no cenário macroeconômico, com alta da Selic e a aceleração da inflação.
E tudo indica que 2025 seja — novamente — o ano da renda fixa, na visão da vice-presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, Luciane Effting.
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E apetite para isso não falta entre os investidores pessoa física. Olhando os dados do ano passado, os brasileiros investiram, de modo geral, 12,6% a mais quando comparado a 2023.
A alta foi puxada principalmente pelo varejo, dividido entre varejo tradicional e varejo alta renda, que cresceram 13,6% e 15,4%, respectivamente.
- Segundo a Anbima, a segmentação de “alta renda” é feita pelas próprias instituições, que avaliam o patrimônio do cliente para designá-lo a uma categoria ou outra.
Já entre no private banking, o crescimento foi de 8,7%. Considerando os clientes que são exclusivos desse segmento, a Anbima contabilizou 162 mil pessoas e 65,7 grupos econômicos.
“No private, tivemos um ano com poucos eventos de liquidez que são comuns nesse segmento, como IPOs e follow ons”, comenta a vice-presidente da Associação.
Em que os brasileiros estão investindo?
Um dos ativos que tiveram destaque em 2024 foi a previdência. Com crescimento de 18,3% de um ano para o outro, este investimento atingiu captação de R$ 1,2 trilhão.
Effting ressalta que, mesmo esse sendo um tipo de investimento focado no longo prazo, os investidores preferiram fazer a maior parte da alocação dos fundos previdenciários também na renda fixa.
Quem viveu a situação inversa foram os produtos considerados “híbridos”, majoritariamente os fundos multimercados, que tiveram resgates líquidos relevantes. A captação finalizou o ano em R$ 744 bilhões, contra R$ 790 bilhões em 2023.
Somando, os multimercados e os fundos de ações perderam R$ 110,6 bilhões em volume financeiro.
Veja aqui os números da Anbima focado em fundos de investimento.
A renda variável manteve-se relativamente estável, com crescimento leve de 1,3%, o que evidencia o apetite fraco do investidor pela bolsa de valores nos últimos tempos.
No geral, os títulos e valores mobiliários são quase metade dos investimentos dos brasileiros; nesse contexto, o CDB é o vencedor disparado. Em segundo lugar, os fundos de investimento e, depois, a previdência.
A poupança ainda tem a devida relevância, com total de R$ 971 bilhões, após ter um crescimento anual de 5%.
Os produtos isentos (como LCIs e LCAs), mesmo após as mudanças de regras em fevereiro, registraram crescimento de R$ 165,6 bilhões.
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A Anbima também apresentou alguns dados regionais. Embora a região Sudeste seja a mais pujante, por concentrar o maior volume de investimentos do país, foi a região Sul que teve o maior crescimento em termos percentuais, com 16,3%.
O que esperar para 2025?
Para Effting, “o desafio de 2025 será mostrar para o investidor a oportunidade que se tem na diversificação dos investimentos”.
Isso porque a tendência é que o brasileiro repita os padrões de 2024 e continue buscando a mesma rentabilidade, segurança e liquidez que encontrou na renda fixa — ainda mais considerando que o cenário macroeconômico deve ser semelhante entre os dois anos.
Ela cita que o desafio recai sobre os profissionais de investimentos para apresentarem aos clientes as diversas possibilidades. “Não necessariamente a melhor alocação é 100% em renda fixa”, enfatiza.
Quando a novidades da Anbima em si, a vice-presidente adianta que a associação vai implementar uma nova base de dados e também atualizar algumas regras sobre os influenciadores de finanças.
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